Você sabe a importância de realizar uma prova de carga em sua obra? Geralmente, na elaboração de um projeto de fundações profundas são utilizados métodos semiempíricos de previsão de capacidade de carga, como por exemplo, o método de cálculo de Décourt-Quaresma, que auxilia o projetista na estimativa de comprimento das estacas, em que estará interligado o valor de capacidade de carga do sistema estaca/solo.
Figura 1: Parcela de resistências que constituem a capacidade de carga.
Desempenho dos elementos de fundações
Devido à variabilidade das características do solo, os métodos de cálculo de capacidade de carga não podem ser considerados exatos, mas sim aproximados. Como é dito pela própria norma de projeto e execução de fundações (NBR 6122/22) “a engenharia geotécnica não é uma ciência exata, e riscos são inerentes a toda e qualquer atividade que envolva fenômenos ou materiais da natureza”. As provas de carga existem para preencherem essas lacunas e trazer mais confiança e segurança para os empreendimentos, pois, é fundamental para um engenheiro notar o comportamento dos materiais previstos por cálculos na prática, confirmando assim várias etapas do projeto de fundações de forma empírica.
Provas de carga
A NBR 6122/22, visando o melhor desempenho dos elementos de fundações profundas, sugere que sejam realizados ensaios do tipo prova de carga estáticas em 1% das estacas do empreendimento, e para a comprovação do desempenho as provas de carga estáticas podem ser substituídas por ensaios de carregamento dinâmico na proporção de cinco ensaios de carregamento dinâmico para uma prova de carga estática.
Figura 2: Vigas metálicas e estacas de reação do ensaio de prova de carga estática.
A prova de carga estática consiste na aplicação de cargas conhecidas no topo da estaca, em incrementos sucessivos e iguais, monitorando os respectivos recalques da cabeça da estaca até que se atinja duas vezes a carga admissível definida em projeto ou a ruptura geotécnica. A capacidade de carga de um sistema estaca-solo também pode ser avaliada através do ensaio de carregamento dinâmico, que relaciona a resistência à cravação com a energia de cravação e o deslocamento axial da estaca, que será causado pelo impacto de um martelo com determinado peso e altura do golpe.
Figura 3: Execução de Ensaio de Prova de Carga Estática.
Figura 4: Execução de Ensaio de Carregamento Dinâmico.
Otimização do projeto de fundações
Percebe-se que o principal motivo para realizar as provas de carga nos empreendimentos é a busca de maior eficiência e segurança dos projetos de fundações, devido à não exatidão dos métodos de cálculos semiempíricos por trabalharmos com a natureza e a heterogeneidade do solo. Porém, além da segurança, a realização de prova de carga pode auxiliar na redução dos custos na execução da fundação através da otimização do projeto. Quando são realizadas determinadas quantidades de ensaios em uma obra é possível compreender melhor o comportamento do sistema estaca-solo e chegar em resultados reais a partir da fundação escolhida e calculada pelo projetista de maneira semiempírica. Sendo assim, é possível uma maior assertividade na definição da capacidade de carga admissível, o comprimento e o diâmetro do elemento de fundação profunda, além de poder apontar inconsistências de projeto a tempo de realizar correções.
Resistência para o uso de provas de cargas no mercado da construção civil
Infelizmente, muitos responsáveis por obras fixam-se apenas nos resultados, na produção e entrega rápida dos empreendimentos. Tal mentalidade não é de todo errada, porém, deve estar alinhada com a segurança e metodologia técnica que representa um custo muito baixo se comparado com os resultados e a confiança que serão gerados. O custo da execução de uma prova de carga não pode ser visto como um “gasto a mais” ou uma “perda no meu lucro final”, mas sim como um aliado que irá trazer benefícios econômicos através da otimização do projeto de fundações e uma segurança maior para os usuários.
Uma boa engenharia deve alinhar sempre a eficiência com a segurança.
