Ao longo dos anos, a engenharia passou por diversas modificações. Na história das fundações e contenções, é possível notar as técnicas rudimentares dos egípcios e sua evolução ao longo dos anos, com maior utilização de recursos tecnológicos e procedimentos técnicos mais rigorosos.
Diversos aspectos da história evidenciam o quanto as mudanças globais influenciam a vida cotidiana, como a Revolução Industrial e a Segunda Guerra Mundial, que forçaram os países desenvolvidos a reduzirem as exportações e impulsionaram a produção industrial. Isso impactou a maneira de produzir, aumentou a mão de obra administrativa e destacou a necessidade de controle da gestão.

Figura 1 – Imagem Ilustrativa
Historicamente, as mudanças geralmente surgem em resposta a crises existentes, influenciando tanto o âmbito social quanto profissional. Em 2020, enfrentamos a pandemia de Covid-19, declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A partir daí, o mundo precisou se adaptar aos protocolos e inovar os modelos de produção, fortalecendo a transformação digital.
A inteligência artificial é um exemplo disso, pois sua história começou em 1950, quando Turing escreveu o artigo “Computing Machinery and Intelligence“, abordando o “Teste de Turing”. Esse teste, também conhecido como “Jogo da Imitação”, propunha que uma máquina poderia demonstrar verdadeira inteligência se pudesse se passar por um ser humano em uma conversa escrita, enganando um juiz humano. No entanto, a expressão “Inteligência Artificial” foi mencionada pela primeira vez em 1956, durante uma conferência. John McCarthy, professor de Stanford e um dos organizadores da conferência, usou o termo para descrever o objetivo de criar máquinas que exibissem inteligência semelhante à humana.
Crescimento do uso de IA
A transformação digital foi essencial para o crescimento do uso da inteligência artificial. Uma pesquisa global recente da IBM mostrou que 41% das empresas brasileiras utilizam alguma forma de inteligência artificial em seu dia a dia.
Na engenharia civil, isso não é diferente, com diversos equipamentos compostos por tecnologia de ponta, como hélices, sensores de monitoramento de estacas e ensaios geotécnicos. A IA está presente nos processos que antecedem a operação produtiva, como as ferramentas de KPI (Key Performance Indicator), que avaliam indicadores de desempenho de maneira intuitiva e visual, contribuindo para análises mais efetivas, otimizando tempo e recursos.
A integração da IA na engenharia civil não apenas otimiza processos, mas redefine o setor, promovendo avanços significativos em eficiência, sustentabilidade e segurança (Huang, 2019). No livro “Pesquisas em Temas – Temas de Engenharia Volume 9“, no capítulo 9 são abordados os fundamentos essenciais da inteligência e o impacto na engenharia civil, levantando sua importância e desafios com uma reflexão sobre algoritmos, segurança de dados e ética. “Se os conjuntos de dados utilizados para treinar os modelos contiverem viés, os algoritmos podem perpetuar e até amplificar essas discrepâncias” (Vicari, 2021). A captação e tratamento de dados são essenciais para a eficácia de projetos e tomada de decisão. Além disso, a gestão de dados deve ser regulamentada por leis de proteção de dados, garantindo segurança e evitando comprometimento da organização.
Na Gontijo Fundações, implementamos tratamentos robustos de banco de dados para a criação de dashboards, e agora, introduzimos a realização de diários de obras por meio de um aplicativo próprio. Essa inovação agrega valor tanto para os colaboradores quanto para os clientes, uma vez que os diários de obras são documentos imprescindíveis no acompanhamento dos projetos.
Apesar do receio de que a IA possa substituir a mão de obra, seu impacto pode ser altamente positivo, criando novas oportunidades. A inteligência artificial deve estar integrada em todas as operações, e a inteligência humana é crucial para manipulação de dados e tomada de decisão. A falta de qualificação de profissionais é um desafio: “80% dos empregadores consideram a contratação de talentos em IA uma prioridade, mas 68% não encontram os talentos que procuram.”

Figura 3 – Modelo do Diário de Obra realizado por meio do Aplicativo Gontijo
Conclusão
O uso da inteligência artificial na engenahria civil e em seus processos já é uma realidade, e a tendência é que isso aumente, ocupando um espaço ainda maior dentro das organizações, sendo uma grande vantagem competitiva para empresas que conseguirem utilizá-la de maneira eficaz e automatizar processos. É importante manter atualizadas as ferramentas tecnológicas e treinar as soft skills (habilidades humanas), que são um diferencial na era digital. O uso da ferramenta é aliado às atividades operacionais, e habilidades como pensamento crítico, inteligência emocional, criatividade e capacidade de trabalho em equipe são insubstituíveis para alcançar resultados.